22/08/2023
Geral

“Álcool e tabaco são portas de entrada para outras drogas”

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Taís Nichelle

Há uma afirmação popular jogada aos quatro ventos que diz que a maconha é a porta de entrada para drogas mais pesadas. Porém, de acordo com o psicólogo especializado em dependência química Giovani Caetano Jaskulski, não é bem assim que funciona. “As drogas lícitas, como o álcool e o tabaco estimulam mais os jovens a se envolverem com drogas pesadas, como o crack, do que a maconha”, declara o especialista.

Isso acontece porque são drogas facilmente adquiridas por jovens menores de idade, além de serem menos julgadas socialmente. “Cerca de 11% da população brasileira sofre de dependência química. A maioria é viciada em álcool e tabaco. No caso dos jovens, eles estão experimentando bebidas alcoólicas e cigarro cada vez mais cedo, o que favorece quadros de dependência química”, revela Jaskulski. 

Ainda segundo o psicólogo, há vários fatores que determinarão se o indivíduo é um dependente químico em potencial. “Pessoas que possuem casos de dependência química na família são mais propensas a desenvolverem o vício, já que a hereditariedade é um dos fatores determinantes. Isso explica porque algumas pessoas experimentam drogas e não gostam, enquanto outras viciam no primeiro contato”, diz ele.

Normalmente, os jovens buscam na droga um refúgio para os problemas. “Desestrutura familiar e dificuldade de lidar com frustrações normalmente são as principais causas de dependência química em jovens. Porém, não são as únicas. A curiosidade, a busca de prazer, o sentimento de pertencimento a um determinado grupo, a auto-confiança, a rebeldia e a influência dos amigos também são estimulantes para o consumo de drogas”, declara o especialista. 

“A família deve ter consciência do seu papel na prevenção de dependentes químicos. Os pais devem acompanhar a vida dos filhos, saber o que fazem, com quem andam, e como está o desempenho escolar. Em caso de suspeita do envolvimento com drogas, o ideal é conversar com a pessoa, buscar entender os motivos e procurar ajuda profissional”, complementa o psicólogo.
 

Cristina Esteche

Jornalista

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